LENDAS ANTIGAS....
LILITH -
Reza a lenda que....
"Porque devo me submeter a ti?!" - disse Lilith ao então marido.....
Na origem de todos os povos do mundo sempre existiu a tradição de um casal fundador da raça humana.
A maioria são casais-deuses, exceto nas religiões patriarcais, como a cristã, onde um único Deus masculino formou todas as coisas e seres.
Entretanto, ao estudar a espiritualidade hebraica, através da Cabala, nos é ensinado que o grande deus monoteísta não é do sexo masculino, mas é completo em si mesmo, o que existem são divisões de gênero, inclusive é uma insolência lhe dar aspecto "humano", pois sua essência é luz pura....
E desde quando luz tem sexo?!
Mas como sabemos, vivemos num mundo "bipolar" e é por isso que a Divina Arquiteta teve a iluminada ideia de semear o amor no terreno fértil nos corações, para que o Homo-Sapiens pudésse andar lado a lado, sempre em casais e nunca sozinhos....
Ao se estudar Carl Jung - descobriremos que dentro de cada homem há uma mulher (anima) e em cada mulher há o princípio masculino (animus).
Este eterno jogo de yin-yang se ajusta e se completa.
O princípio feminino ou "Eros" é universalmente representado pela Lua e o princípio masculino ou "Logos" pelo Sol.
O mito da criação no Gênesis afirma:
Deus criou duas luzes, a luz maior para reger o dia e a luz menor para reger a noite.
O Sol como princípio masculino é o soberano do dia, da consciência, do trabalho e da realização, do entendimento e da discriminação conscientes, o Logos.
A Lua, o princípio feminino é a soberana da noite, do inconsciente.
É a deusa do amor, controladora das forças misteriosas que fogem à compreensão humana, atraindo os seres humanos irresistivelmente um para o outro, ou separando-os inexplicavelmente.....
Ela é o Eros, poderoso e totalmente incompreensível....
Na natureza, o princípio feminino ou a "deusa feminina" - mostra-se como uma força cega, fecunda, cruel, criativa, acariciadora e/ou destruidora....
É a fêmea das espécies - a mais mortal que o macho, .... feroz em seu amor - como também com seu ódio....
Esse é o princípio feminino na forma "demoníaca"(aspas), metaforicamente falando...
O medo quase universal que os homens têm de cair sob o domínio ou fascinação de uma mulher e a atração que esta mesma servidão têm para eles, são evidências de que o efeito que uma mulher produz num homem é, em geral realmente de tal caráter...
Essa imagem repousa tão somente, na natureza da própria "anima"do homem ou alma feminina, sua imagem interior do feminino.
A "anima"' não é uma mulher, mas um espírito de natureza feminina, que reflete as características do lado "sombrio" (aspas), tanto glorioso, como por vezes, terrível....
O princípio feminino, a Deusa Lua, age sobre ele diretamente no Inconsciente, aproximando-se....
Não é de admirar tanto medo e desconfiança!
A HISTÓRIA DE LILITH (pela Tradição Judáica)
Lilith surgiu do intento de compreender a diferença entre os mitos da criação de Gênesis, já que em suas primeiras histórias - em Gênesis 1, homem e mulher são "criados" "iguais" e conjuntamente, enquanto na segunda história, em Gênesis 3, a mulher é criada depois do homem e a partir de seu corpo.
Segundo as lendas, Lilith era a primeira esposa, que era bem pior que a segunda.
No entanto, a figura escolhida para desempenhar esse papel na lenda judia - era originariamente suméria, a resplandecente "Rainha do Céu", cujo nome "Lil" significava "ar" ou "tormenta".
As vezes se tratava de uma presença ambígua, amante dos "lugares selvagens e desabitados", associada também com os aspectos obscuros da Deusa Inanna e com sua "irmã" Ereshkigal, Rainha do Mundo Subterrâneo".
Aparece pela primeira vez no poema sobre Inanna, quando o herói Gilgamesh tala a árvore de Inanna:
"Gilgamesh golpeou a serpente que não podia ser encantada.
O pássaro Anzu voou com suas crias às montanhas;
E Lilith aniquilou seu lar e retirou-se aos lugares selvagens e desabitados."
"Lil" também era a palavra sumero-acádia que designava a "tormenta de pó" ou "nuvem de pó", um termo que também se aplicava aos fantasmas, cuja forma era uma nuvem de pó e cujo o alimento era supostamente o pó da terra.
Na língua semítica "liliatu" era então "a criada de um fantasma", porém prontamente se fundiu com a palavra "layil", "noite", e se converteu em uma palavra que se designava a um demônio noturno....
A "lílít" do texto hebraico se "traduz" na versão grega de Septuaginta e por Lamia na Vulgata latina de São Jerônimo.
As "lamiae" são muito conhecidas nas tradições gregas e latinas, como "monstros voadores noturnos", que sempre aparecem sob o aspecto de pássaros.
A maioria dos autores, afirma que as lamias são monstros femininos que devoram homens...
Portanto, as lamias e Lilith têm muitos pontos em comum e foram convertidas em "vampiras".
No mito hebreu, Lilith, portanto, acumulou sem descanso todas as associações à noite e à morte.
É possível que a imagem hebréia de Lilith se baseasse nas imagens de Inanna-Isthar como
"Deusa das grandes alturas" e de grandes profundidades, porém, compreensivelmente rebaixada - ao ser percebida desde o ponto de vista de um povo deportado à BABILÔNIA....
Só há uma referência à Lilith, como coruja, no Antigo Testamento.
É encontrada no meio de uma profecia de Isaías.
No dia da vingança de Yahvé, quando a terra se envolverá num deserto,"e um sátiro chamará o outro; também ali repousará Lilith e nele encontrará descanso."
Inanna e Isthar eram chamadas de "Divina Senhora Coruja" (Nin-nnina Kilili).
Isso pode explicar de onde provêm Lilith e porque era representada como uma coruja.
Uma versão da Criação de Lilith na mitologia Hebreia conta que Yahvé fez Lilith, como a Adão, porém no lugar de usar terra limpa, "tomou a sujeira e sedimentos impuros da terra, e deles formou uma mulher.
Como era de se esperar, essa criatura resultou "ser um espírito maligno".
Lilith se converteu depois na "primeira esposa" de Adão, cuja presença original nunca terminou de eliminar-se totalmente de de seu segundo matrimônio.
O que falhou no primeiro foi obviamente a independência de Lilih e sua igualdade com Adão, por isso depois criou-se Eva.
Em consequência, a lenda tacha de insubordinação a atitude por parte de Lilith, pois, segundo a história, se negava a aceitar seu "lugar apropriado" que aparentemente era permanecer debaixo de Adão durante a relação sexual...
Através da figura de Lilith, na cultura hebreia, a divisão e polarização próprias da Idade do Ferro da Grande Mãe em seus aspectos, a Deusa que dá a vida e a Deusa que atrai a morte, é levada um pouco mais longe.
Ao terror do sofrimento inexplicável que pode manifestar-se sem aviso prévio e se insere uma dimensão nova da demonização da sexualidade.
O mito em Gênesis, estabelece que é a infração do mandamento de Yahvé, e não a sexualidade, a causa da expulsão do Paraíso à condição humana; e o conhecimento do bem e do mal, que alcançaram através da desobediência, tampouco se pode explicar em termos de conhecimento sexual.
No entanto, tanto a desobediência como o conhecimento se associaram com a sexualidade porque a primeira coisa que Adão e Eva "viram" quando "seus olhos se abriram" foi que estavam nus.
Antes disso, andavam nus e sem vergonha.
A nudez, portanto, se converteu em sexualidade "pecaminosa", especialmente quando a serpente fálica entra na especulação teológica....
Em certas ocasiões a serpente era identificada como Lilith e se desenhava a serpente com um corpo de mulher, interpretando-se que a dita criatura era Lilith.
Outras vezes a serpente tinha um rosto como o de Eva.
Por esta razão, uma percepção da sexualidade como algo "não divino", invade as lendas de Lilith como aspecto obscuro de Eva....
(chalibre/ templo évora/Literatura em arte/ Mitologias/ Mitologia em foco/ Lilith contos/ Rev.Universo maçonico/ judaism/ witcombe/José G. Araújo (1977)/ wicca/ supernatural)
(continua...)