SISMOLOGIA -
OPINIÃO - (Por Pedro Jacobi - Geólogo)
"A influência gravitacional nos terremotos......"
"Os últimos dias venho recebendo vários questionamentos de usuários sobre os terremotos que parecem estar se intensificando.....
Muitos estão preocupados com o fato e querem saber se realmente existe uma maior incidência de terremotos e se o Brasil está, de alguma forma, em risco.
Outros vão mais longe e querem saber se isso não é um presságio do fim do mundo...
O motivo do medo generalizado decorre do assustador terremoto de magnitude 8.4 na escala Richter, que ocorreu no dia 16 de setembro no Chile que para muitos é um sinal de que os sismos estão se intensificando....
Some-se a estes eventos - as notícias de tsunamis, vulcões, .... e até mesmo dos pequenos sismos Brasileiros registrados recentemente no Nordeste e está configurado, para alguns, o cenário do fim do mundo....
A resposta que eu tenho, como um geólogo e estudioso do assunto é que terremotos são muito mais comuns do que a maioria das pessoas acredita e que estes acontecimentos náo caracterizam este cenário do Armagedon.
Veja os pontos abaixo e tire suas próprias conclusões:
A cada ano existem milhões de terremotos, de várias proporções, que afetam o nosso Planeta.
A Terra é muito dinâmica e os movimentos ininterruptos das grandes placas tectônicas são os grandes causadores destes sismos.
Milhares de terremotos são contabilizados todos os dias, mas a maioria não são sentidos pelas pessoas (somente os acima de 2.0 são percebidos).
No momento que escrevi este artigo um terremoto de 6.6 ocorreu a 80km da cidade de Fukushima na porção central do Japão. Não houve perdas humanas....
Sismos de grandes proporções, acima de 6.0, são mais raros, e quando próximos a cidades populosas, causam desastres, mortes e destruição....
Como a maioria da superfície terrestre é coberta por águas, gelo e por áreas despovoadas - o número de sismos com perdas de vidas humanas é, relativamente, pequeno quando comparado ao número total de terremotos.
O que causa as grandes tragédias é a combinação dos seguintes fatos:
Magnitude do terremoto, medida na escala Richter.
Trata-se de uma escala logarítmica: a cada ponto existe um multiplicador de 10. Ou seja: um terremoto de 8.0 é dez vezes mais forte do que um de 7.0.
Tipo de rocha afetada pelo terremoto.
A devastação causada por um terremoto tem grande correlação com o tipo de rocha onde os prédios foram construídos.
Se a rocha for sólida a tendência é de um menor número de problemas. J
á no caso de construções sobre areias inconsolidadas, sedimentos aluvionares e deltaicos como foi o caso das áreas mais afetadas no terremoto de 1906 de S. Francisco (7.8), os efeitos são devastadores.
Nestes casos é comum a liquefação do solo.
Trata-se de um fenômeno - onde os tremores induzem o solo rico em areias e água a se comportar como um "líquido" o que causa o afundamento dos prédios, pontes, viadutos, estradas etc... causando um grande número de mortes e prejuízos materiais.
Proximidade e profundidade do epicentro.
A proximidade do epicentro de um terremoto das zonas urbanas é um dos principais motivos de destruição.
O terremoto do Haiti, de 7.0, teve o seu epicentro a poucos quilômetros da Capital Port-au-Prince o que causou as grandes perdas de vidas, ao contrário do Chile onde o epicentro era profundo e localizado mais de 300km de Santiago....
Tipos de "ondas de propagação": as ondas mais destrutivas de um terremoto são as denominadas ondas superficiais que trafegam na superfície e são relativamente mais lentas.
Devido a sua baixa frequência essas "ondas" - tem longa duração e maior amplitude causando as maiores destruições , danos e mortes.
Ondas superficiais são análogas as ondas da água.
A propagação das "ondas sísmicas" - varia com a densidade das rochas afetadas sendo elevada no manto (>13Km/s) e menores na crosta, onde variam entre 3 a 8km/s.
É por intermédio de cálculos baseados na velocidade de propagação destas ondas que são calculadas as distâncias e profundidades dos epicentros...
Qualidade das construções afetadas: um dos pontos de maior influência no número de vítimas é o que se refere à qualidade das construções atingidas pelo terremoto.
Observa-se que os terremotos que afetam o interior de países pobres como a China são, sempre, os mais devastadores.
Esta devastação se relaciona, principalmente, a baixa qualidade das construções afetadas.
A medida que novas normas de construção foram criadas nos países mais afetados por terremotos o número de mortes diminuiu consideravelmente.
O Japão, após o sismo de Kobe, é o que mais leva a sério o assunto investindo enormes somas tanto na construção de novos prédios e obras de engenharia como nos planos e estratégias de resgate e salvamento de vítimas em áreas atingidas.
O terremoto com o maior número de vítimas ocorreu na China em Shaanxi em 23 de janeiro de 1556.
O número de mortos deve ter superado o milhão. Foram contabilizadas 830.000 mortes e a destruição atingiu mais de 400km.
Apesar da gigantesca proporção o USGS calcula que o sismo teve uma magnitude entre 8 e 9 na escala Richter.
A incidência de "ondas superficiais" - sobre construções antigas e despreparadas para enfrentar um terremoto desta magnitude foi o fator determinante nas tragédias....
Já o terremoto de maior magnitude medida, ocorreu em 22 de maio de 1960 no Chile próximo a Valdívia a sul de Santiago, não muito distante deste terremoto.
O terremoto de Valdívia teve sua magnitude medida em 9.5 na escala Richter e ocasionou a morte de mais de 6.000 pessoas, um número baixo se comparado à magnitude.
O tsunami gerado na costa do Chile atravessou o oceano matando no Hawaii e no Japão a dezenas de milhares de quilômetros.
A "influência" das "forças gravitacionais" da Lua e do Sol em terremotos:
Um ponto que me parece nunca ter sido adequadamente discutido, na literatura técnica , é a correlação entre terremotos e o efeito gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra.
Todos sabemos que a conjunção Lua-Sol tem enormes influências gravitacionais no planeta causando marés de grandes proporções e, as menos conhecidas marés terrestres.
Por incrível que pareça a crosta terrestre, assim como os oceanos, também é afetada pela força gravitacional da lua em conjunção com o Sol: a isso se chama "maré terrestre".
No equador, a crosta pode ser "deslocada" - 55cm (exemplo) pela influência gravitacional da Lua e Sol....
Trata-se de uma força significativa que, no nosso entender, deve facilitar a ruptura de falhas ativas que causam os terremotos....
A "força gravitacional" - causada pela massa do Sol e da Lua é enorme, elevando o nível dos mares a mais de 15 metros em certas regiões, como em Burntcoat Head no Canadá, durante a Lua nova, cheia e nos equinócios (Março e Setembro) quando o Sol cruza o plano equatorial terrestre....
Não podemos desprezar a imensa atração gravitacional no fenômeno dos terremotos....
No meu entender sempre me pareceu lógico que existisse uma correlação direta entre terremotos e a força gravitacional destes astros....
Desta forma, nas tabelas - é possível ver os 109 terremotos mais destrutivos desde 1900, juntamente com dados importantes como a localização, magnitude, número de mortes e, novidade, a fase da lua quando o terremoto ocorreu.
Surpresa!!
Este estudo preliminar que fiz mostra que a grande maioria dos terremotos ocorreram durante o equinócio (Março e Setembro) quando a Lua era Nova (35%) ou Cheia (29%).
Os números mostram que 64% dos 100 terremotos mais mortais desde 1900 estão relacionados a Luas nova e cheia. Trata-se de um número matematicamente significativo que corrobora a influência gravitacional como um fator importante na previsão dos terremotos.
O mês de março, onde ocorre o equinócio e as maiores marés, é o que teve o maior número de grandes terremotos, sendo que março teve 03 grandes terremotos - com vítimas....
Coincidência?
Acredito que não. Trata-se de uma "ajuda extra" - causada pela atração gravitacional sobre a crosta facilitando o movimento das falhas e dos terremotos.
Quando uma falha está próxima do rompimento a atração gravitacional criada por uma importante conjunção astral é o "catalizador" que faltava para que o terremoto venha a ocorrer.
Como sabemos pelas leis da física é necessário uma grande energia para tirar um corpo do repouso.
Mas, depois que esse corpo está em movimento a energia necessária para mantê-lo em movimento é muitas vezes menor.
Os terremotos vão continuar a existir enquanto houver placas tectônicas em movimento ou, em outras palavras, enquanto houver um gradiente de temperatura na Terra. Ou seja...por muito, muito tempo.
Quando a Terra for um planeta morto, gelado, com a superfície completamente aplainada pela erosão, somente então os terremotos deixarão de existir....
O último terremoto importante que atingiu a costa chilena no dia 16 de setembro 2010, um sismo de 8.4 na Escala Richter, ocorreu em uma Lua Nova.
Já o terremoto que atingiu o Afeganistão e o Paquistão deixando centenas de mortos, ocorre, mais uma vez em uma lua cheia.
O estudo inédito que fizemos mostra que 65% dos terremotos com fatalidades ocorreram em luas novas e cheias.
Com esses dados estatísticos não há como negar a influência da atração gravitacional da Lua e do Sol nos terremotos...."
(agradecimentos à Pedro Jacobi; constelar & Jay Cherry)