SAUDADES – Cassimiro de Abreu
"Nas horas mortas da noite ...
Como é doce o meditar,
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar...
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor, ...
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário ...
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário,
Que nos enche de pavor.....
Então – proscrito e sozinho –
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade ...
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
– Saudades – dos meus amores,
– Saudades – da minha terra!..."