segunda-feira, 10 de agosto de 2015

HUBBLE "DETECTA" OUTRO PLANETA EM ALPHA CENTURI....

ASTRONOMIA (2)

Hubble detecta possível planeta - em "Alfa Centauri" ....

(*NOTA: "ALPHA CENTURI" - o QUE É? 

R: "Alpha Centauri" (α Centauri, α Cen), também conhecida como Rigel Centaurus,  Rigil KentaurusRigil Kent, ou Toliman, é a estrela mais brilhante da constelação de Centauro,  sendo a terceira mais brilhante do céu, vista a olho nu....)

Muito Bem.....

O Telescópio Espacial Hubble pode ter detectado a presença de um planeta de porte similar ao da Terra no sistema estelar mais próximo de nós — o "Alfa Centauri". 

Se confirmada, a descoberta seria extraordinária. 

Mas os cientistas adotam "cautela".... 

Tudo que temos no momento é a detecção de uma redução momentânea do brilho da "estrela", como se um planeta tivesse passado à sua frente....

O trabalho foi publicado no periódico “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society” e tem como autores alguns dos pesquisadores mais respeitados no campo dos exoplanetas — dentre eles Didier Queloz, um dos descobridores do primeiro mundo a orbitar uma estrela similar ao Sol, em 1995. 

(Por falar nisso, é incrível pensar que nos últimos 20 anos fomos de zero "descobertas" a tudo que sabemos hoje. Vivemos numa época muuuito "especial".....)

Curiosamente, o grupo internacional estava procurando confirmar a presença de um outro planeta de tamanho similar ao da Terra que chegou a ser anunciado em 2012, mas até agora não convenceu completamente a comunidade científica, que o trata meramente como “candidato”..... 

Nenhuma "confirmação" pôde ser obtida (motivos óbvios né?). 

Em compensação, eles podem ter "atirado no que viram e acertado no que não viram" — ou seja,  um outro planeta.....

Confuso, né? 

Acredite, os cientistas também se sentem assim no que diz respeito a Alfa Centauri — que na verdade é um sistema com três estrelas

Alfa Centauri A e B são bem parecidas com o Sol — a primeira um pouquinho maior, a segunda um pouco menor — e giram uma ao redor da outra a cada 80 anos, aproximadamente. 

Já a terceira estrela é uma anã vermelha, bem menor que o Sol, chamada Proxima a Centauri. 

Ela orbita em torno das duas maiores a uma distância de cerca de 0,2 ano-luz. 

O sistema fica a aproximadamente 4,3 anos-luz do Sol.

Apesar de ser o sistema estelar mais próximo de nós, não é nada fácil encontrar planetas por lá. 

E veja você que os astrônomos têm tentado desde que primeiro desenvolvemos as tecnologias para procurá-los.

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Planetas girando em torno de estrelas, apesar de muito menores que elas, provocam efeitos gravitacionais no astro central.... 

---> Conforme eles avançam em sua órbita, "puxam a estrela para lá e para cá", causando nela uma espécie de "bamboleio".... 

Pouca coisa, "deslocamentos" da ordem de poucos metros ou centímetros por segundo - vou REPETIR: POR SEGUNDO(!) 

Mas esse verdadeiro "zigue-zague" sutil pôde ser identificado no espectro da estrela, do mesmo jeito que conseguimos dizer 'se uma ambulância está se afastando ou se aproximando pelo tom da sirene' — é o chamado "efeito Doppler"...

Para isso, os astrônomos usam espectrógrafos, instrumentos instalados em telescópios que conseguem medir precisamente essa variação.

Precisamente naquelas — o limite da tecnologia atualmente é de cerca de meio metro por segundo...

Foi usando o melhor desses espectrógrafos dedicados a buscas de exoplanetas, o HARPS, do ESO (Observatório Europeu do Sul), que astrônomos do Observatório de Genebra — dentre eles alguns dos autores do atual trabalho — encontraram em Alfa Centauri B um “bamboleio” compatível com a presença de um planeta com apenas 10% mais massa que a Terra numa órbita extremamente curta, completando uma volta a cada 3,2 dias terrestres....

Desde então, diversos outros grupos têm tentado confirmar a descoberta com dados de outros espectrógrafos e novas análises dos espectros colhidos pelo HARPS. 

Ninguém chegou perto

E tudo ficou mais complicado desde o ano passado, conforme as órbitas de Alfa Centauri A e B as aproximaram uma da outra, com relação a observadores na Terra. 

Com a aproximação, ficou muito mais difícil "colher a assinatura de luz" de uma das estrelas sem contaminá-la com a assinatura da vizinha....

"Era um tiro no escuro", por uma razão muito simples — para detectar esses trânsitos planetários, o sistema precisa estar num alinhamento preciso com relação a nós( no Planeta Terra)

Os pesquisadores estimaram que a chance de termos essa sorte, no caso de Alfa Centauri B, era de 9,5%. 

Apesar de ser ótimo para isso, não dá para usar o Hubble com o objetivo de procurar trânsitos a esmo, pois seria preciso mantê-lo apontado para a mesma estrela por muitos dias seguidos — e o tempo do telescópio é disputado a tapa pelos astrônomos. 

Contudo, no caso de Alfa Centauri B, tínhamos já um pista de um possível planeta, de forma que os pesquisadores só precisavam apontar o Hubble no momento em que um trânsito podia acontecer. 

Com isso, resolveram a parada em duas baterias de observação, em 2013 e 2014, que somaram cerca de 40 horas...

A primeira bateria de observações, em julho de 2013, pareceu detectar mesmo um trânsito — por 3,8 horas, o Alfa Centauri B pareceu reduzir sutilmente seu brilho, como se um planeta estivesse "passando à frente" dele......

Para confirmar o achado, eles realizaram a segunda bateria de observações, em julho de 2014

E aí, veio a má notícia. Dessa segunda vez, nada de trânsito....

O suposto trânsito de 2013 'já não era um bom encaixe para o procurado' 'Alfa Centauri Bb' (como é chamado o planeta-candidato com órbita de 3,2 dias), pois durava tempo demais. 

A única forma de compatibilizá-lo com as previsões seria supor que sua órbita é extremamente achatada. 

Mas isso não é muito convincente, pois estudos dinâmicos mostram que, em coisa de 100 milhões de anos, mesmo essa órbita acabaria praticamente circularizada. 

E Alfa Centauri tem entre 5 e 6 bilhões de anos (um pouco mais velho que o nosso Sol, com 4,6 bilhões de anos), de forma que esse planeta já devia estar numa órbita praticamente circular há muito tempo.

Mas tudo piorou com os dados de 2014, que não contêm um trânsito. 

Agora eles sabem que, se o tal planeta existe - ele não transita à frente da estrela, com 96,6% de certeza. 

Não quer dizer que ele não exista, apenas que sua órbita não está alinhada da forma que aqui se "gostaria"....

Resumo da ópera: talvez o trânsito reflita mesmo a existência de um planeta em torno de Alfa Centauri, embora não o anunciado em 2012. 

Baseados nos dados colhidos pelo Hubble, os pesquisadores estimam que ele tenha tamanho similar ao da Terra e leve no máximo 20,4 dias terrestres para dar uma volta em torno da estrela, embora o período orbital mais provável esteja em torno de 12 dias....

Não é à toa que tem tanto astrônomo olhando para lá e procurando. 

E o melhor de tudo: agora que sabemos que praticamente todas as estrelas — inclusive aquelas em sistemas múltiplos — têm planetas, achar alguma coisa lá é só uma questão de tempo. Fiquem de olho...'. (continua....)

(Revista de Astronomia/  David Messias - NASA/ HUBLE/ ESO / RDD Nickel/ Cosmic Scales Distances /Hugo Pro c.c  imagens)

(NOTA: IMAGEM - PRA 'FACILITAR' TEM UMA "SETINHA-ROSA"; OBSERVEM BEM......)
Posição de Alpha Centauri (seta cor de rosa)