domingo, 2 de agosto de 2015

EPITÁFIO (BOCAGE)



LITERATURA 

(por Bocage)........

"Lá quando em mim perder a humanidade...
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o teólogo, o peralta, ....
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,....
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,....
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa...
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,....
Lavre-me este epitáfio, ó mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa....
Comeu, bebeu, viveu, fo#e$ sem nem ter dinheiro......".
Rodapé: 

"Manuel Maria Barbosa du Bocage", ou simplesmente "Bocage", foi considerado, depois de Camões, a maior expressão da poesia portuguesa.  

Era o "mestre dos sonetos".  Embora tenha escrito odes e outros poemas. 

Membro de uma academia literária chamada "Nova Arcádia", de tal modo se indispôs com seus confrades que acabou sendo expulso e perseguido por alguns deles, que o denunciaram ao 'tribunal da inquisição'....  

Foi  acusado de "ateu", "herege", "f.d.p.", e blasfemo, ..... - foi preso , e posteriormente encarcerado numa prisão-asilo para "loucos"....(O que não era seu caso...)
                            
(imagem: Quadro de RENOIR -"Nú a luz do sol" - ano: 1875, (Musée d'Orsay, Paris....)

(Vejam, depois o seu texto sobre o  “blasfemo” - feito na prisão....)...

Seus textos sim, realismo, com conotações sexuais e humor-negro, por vezes até debochado..... - (um "romântico" às avessas); é uma referência interessante de leitura da poesia lusitana......

Nasceu em 1765/ 1805 -  Portugal