ECONOMIA -
UMA "BALANÇA" "ESQUIZOFRÊNICA".....
Nunca antes na história, o Brasil precisou tanto da exportação de produtos básicos, principalmente agrícolas e minerais, para gerar divisas e evitar que a dependência do país em relação a recursos externos seja ainda maior. Nossa balança comercial está cada vez mais desequilibrada.
Os resultados do comércio exterior divulgados ontem mostram que itens básicos – em especial soja em grãos, minério de ferro e petróleo – dominaram a pauta exportadora brasileira no primeiro semestre do ano. Com isso, os básicos passaram a responder por mais da metade das vendas do país ao exterior, algo inédito na história recente.
De janeiro a junho deste ano, os básicos representaram 50,8% de tudo o que o país exportou.
É o maior percentual desde o início da série histórica oficial de comércio exterior brasileira, iniciada em 1980.
Para se ter ideia da velocidade com que a pauta exportadora vem se concentrando em produtos de menor valor agregado, em 2002 os básicos respondiam por apenas 25% dos embarques totais do país, registra o Valor Econômico.
Há apenas um ano, somavam 47,5% das vendas ao exterior.
Na outra ponta, é cada vez menor a fatia dos produtos mais elaborados, os chamados manufaturados, nas exportações totais do país.
O percentual baixou a 4%, na menor marca desde o início da série, ou seja, também em 34 anos.
Os manufaturados já chegaram a representar 60,2% da nossa pauta exportadora. Isso no primeiro semestre de 1993, como informa O Estado de S. Paulo.
Há um ano, a participação dos bens industrializados estava em 37,4% do total.
“Em números absolutos, a indústria vendeu US$ 6 bilhões a menos no semestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a exportação de básicos aumentou US$ 2,2 bilhões”, registra a Folha de S.Paulo.
“Não fosse o avanço das commodities, a situação do comércio exterior estaria ainda mais complicada”.....
Em termos gerais, o país apresentou déficit comercial de US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre do ano.
As exportações caíram 2,6% na comparação com igual período de 2013: foram embarcados US$ 110 bilhões até junho, no pior desempenho em quatro anos.
As importações caíram 3% no semestre.
Já há algum tempo vem ficando explícita a maior dependência do país em relação à venda de produtos básicos para o exterior.
A rigor, não é problema uma nação ser uma potência agrícola, como é o nosso caso.
---> A preocupação surge é da "anemia" dos setores mais avançados, como é o caso da indústria – agravada pela derrocada argentina, um de seus principais mercados.
O parque produtivo brasileiro perde competitividade, vergado por custos em ascensão e um ambiente institucional desfavorável, do qual a burocracia asfixiante e a elevada carga tributária são os piores exemplos.
Ao mesmo tempo, nossa política de comércio exterior é tímida em excesso.
O governo federal, porém, prefere ver no "resto do mundo" a razão para nosso "inferno exportador"....
Se assim fosse, concorrentes diretos, como a China, não estariam ampliando sua fatia de comércio com a União Europeia e mesmo com os EUA, em detrimento da perda de espaço de produtos brasileiros nestes mercados consumidores.
O desequilíbrio no comércio exterior é mais uma das "heranças malditas" que a política econômica posta em prática pelos governos petistas – e aprofundada pela gestão Dilma – vem legando ao país......
O Brasil tem condições de se tornar uma potência exportadora também de bens de maior valor agregado, desde que, para tanto, volte-se para o mundo e não se feche a ele, como tem ocorrido nos últimos anos....