quarta-feira, 14 de maio de 2014

SPIEGEL: "O FIASCO DA COPA-DO-MUNDO 2014...."


DA SERIE:

"COPA DO MUNDO 2014....BRAZIL-ZIL-ZIL-ZIL....!!!..."



É NOTÍCIA!.....



"Spiegel" dedica dez páginas ao Mundial e prevê que país do futebol pode ter protestos e tiroteios em vez de festa. 
Maracanã, diz a reportagem, teve a alma roubada e é exemplo de como políticos se distanciaram do povo.

A um mês da Copa, a maior e mais importante revista da Alemanha, a Der Spiegel, faz uma previsão sombria sobre o Mundial no país do futebol. 

Com o título "Morte e jogos", o semanário traz em sua capa uma imagem da bola oficial do torneio em chamas caindo sobre o Rio de Janeiro. 

Em três matérias, que juntas somam dez páginas, é apresentado um retrato dos atrasos nas obras, da insatisfação dos brasileiros com os altos custos do evento e dos prováveis embates nas ruas das cidades-sede.
"Justamente no país do futebol, a Copa do Mundo pode virar um fiasco: protestos, greves e tiroteios em vez de festa", afirma a matéria, assinada pelo jornalista alemão Jens Glüsing e que leva o título de "Gol contra do Brasil". 

"As notícias serão sobre protestos e greves, problemas com infraestrutura e violência", prevê.
Enquanto na Alemanha os torcedores já estão vestindo a camisa da seleção nacional, e enfeites e adereços com as cores da bandeira estão à venda nas lojas, no país conhecido pelo carnaval, compara o jornalista, o clima é outro: 

"Nas favelas do Rio, policiais e traficantes se enfrentam de maneira sangrenta. Em São Paulo, gangues queimam ônibus quase todas as noites."

Para a Spiegel, o clima de festa só vai aparecer se a seleção brasileira vencer o torneio. 
Mas, caso isso não aconteça, a revista questiona se o país viverá uma onda de violência: 

"Os jogos vão terminar em pancadaria nas ruas? Políticos e funcionários da Fifa serão perseguidos por uma multidão enfurecida?"

Capa da "Der Spiegel" desta semana: "previsão de protestos violentos durante o Mundial...."


Da "promessa" à "ilusão"... -     A revista traça um paralelo entre o otimismo que tomou conta do país no início dos anos 2000, por conta dos números favoráveis da economia, e as dificuldades vividas pelo Brasil atual para crescer. 

Apesar da expansão da classe média, que cada vez consome mais e paga mais impostos, os sistemas de saúde e educação continuam sucateados, diz a reportagem, que prossegue: o transporte público é ruim e dois terços das residências no país não têm saneamento básico.

A Spiegel avalia que o descontentamento da população com as condições de vida no país agora se mistura ao ódio à Fifa: 

"A alegria que se via antigamente com a Copa do Mundo transformou-se em irritação com o governo e com a organização". 

Exemplo disso, diz o texto, pôde ser observado nos protestos que tomaram conta do país em junho do ano passado, durante a Copa das Confederações.

"Caçando elefantes brancos" - Em outra matéria, intitulada "Caçando elefantes brancos", a Spiegel ressalta os valores estratosféricos gastos com a construção de novos estádios "cerca de 2,7 bilhões de euros (...), talvez até mais, ninguém sabe ao certo", alfineta a revista, destacando que o Tribunal de Contas da União, o Ministério do Esporte e o Portal da Transparência do governo revelam valores distintos. 

"Nenhum país gastou tanto com a Copa. E quase tudo foi pago com dinheiro público."

Enquanto isso, lembra a revista, dos 49 grandes projetos de construção que ficariam como importantes legados do torneio, 13 sequer saíram do papel ou foram drasticamente reduzidos. 

Entre eles, o trem-bala ligando o Rio a São Paulo, ressalta o semanário alemão.

Assinada pelos jornalistas Jens Glüsing e Maik Grossekathöfer, a matéria diz que a reforma do Maracanã é um exemplo de "como os políticos se distanciaram do povo", citando as palavras de um professor americano que vive no Rio há cinco anos. 

A antiga casa do futebol brasileiro "teve sua alma roubada", diz a publicação.

Insatisfação com situação econômica e com a Fifa alimentarão manifestações durante a Copa, diz revista...

A Spiegel conta que o estádio, construído em 1950, era um símbolo contra o racismo e a ditadura. 

"A arquibancada era redonda para que todos pudessem ter a mesma visão do estádio. Não havia divisões. Quando as equipes trocavam de lado, os torcedores davam a volta", continua....

"E todos podiam entrar. Duzentas mil pessoas cabiam no Maracanã, era o maior estádio do mundo. Os ingressos no anel inferior eram tão baratos que até mesmo mendigos podiam comprá-los. Os franceses tinham a Torre Eiffel. Os americanos, a Estátua da Liberdade. Os brasileiros, o Maracanã....."

Após diversas reformas ao longo dos anos, o estádio virou um shopping center com grama no meio, critica a revista, e os ingressos mais baratos custam 80 reais. 

"Hoje o Maracanã tem a cara de qualquer estádio da Fifa. Podia estar em Londres, em Frankfurt ou em Yokohama", lamenta a reportagem. "É uma arena para a televisão, e não para os brasileiros. É um assassinato cultural".
Violência intrínseca...  -  A Spiegel traz ainda uma entrevista com o escritor brasileiro Luiz Ruffato sob o título "Sempre fomos violentos". 
Nela, o escritor ressalta os conflitos que marcaram a história do Brasil extermínio de índios, escravidão, ditadura e que, para ele, marcaram a sociedade brasileira.

Ruffato causou grande polêmica no ano passado durante a Feira do Livro em Frankfurt , quando o Brasil foi o homenageado do evento. 
Ele discursou sobre as injustiças sociais e as desigualdades do país, o qual para ele é paradoxal ora visto como exótico e paradisíaco, ora como um local execrável e violento....