As novas evidências de corrupção e caixa dois num contrato da Petrobras com a Odebrecht...
----> Um caso exemplar de como as "política(gens)" mandam sobre uma estatal....
MAIS "ATROPELOS".....
A refinaria de Pasadena, no Texas ----> Uma auditoria diz que a Petrobras desrespeitou a regra para fazer serviços na unidade (Foto: Richard Carson/Petrobras)
Há cerca de dois anos, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, convocou os principais executivos da estatal para uma reunião.
Graça Foster, como é conhecida, assumira o cargo havia poucos meses, mas já queria exigir resultados.
Como ocorrera com alguns dos subordinados de Dilma Rousseff, ela assimilara rapidamente o estilo da presidente: gritar primeiro e cobrar depois.
O "clima" naquela reunião, como em tantas outras, era tenso.
Internamente, a Petrobras já vivia tempos difíceis.
Gastava demais para produzir – e vender – petróleo de menos.
O motor da Petrobras engasgava porque ela rodava, desde o começo do governo Lula, com gasolina de má qualidade, batizada com política excessiva.
Política na escolha de quem comandaria a empresa (subiu quem fosse mais amigo do PT e do PMDB) e na escolha por gastar muito em múltiplos e simultâneos contratos caríssimos (subiram as empresas "amigas" dos "amigos" do PT e do PMDB......).
Naquela reunião, Graça Foster cobrava resultados.
Quem deveria ser cobrado já deixara a Petrobras.
Não estavam na reunião sindicalistas do PT, como José Sérgio Gabrielli, a quem Graça Foster sucedera, e executivos suspeitos de corrupção, como Paulo Roberto Costa, sustentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por um consórcio entre PT, PMDB e PP.
Dilma conseguira derrubar Paulo Roberto da Diretoria de Abastecimento logo após Graça Foster virar presidente da Petrobras, mas não conseguira evitar que o número dois de Paulo Roberto, José Carlos Cosenza, assumisse o posto do antigo chefe.
Cosenza fora escolhido pelo PMDB do Senado.
Abaixo de Cosenza, mantinham-se apaniguados do PMDB.
Nenhum era mais poderoso que outro José, de sobrenome Pereira, à frente da gerência responsável por compras e vendas milionárias (sem licitação) de produtos derivados de petróleo.
Pereira era mantido no cargo por indicação pessoal do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, do PMDB.
Pereira estava na reunião.
E ouviu muito.
“Se você pensa que se manterá no cargo só porque foi indicado pelo Lobão, está enganado”, disse Graça Foster, segundo relatos de quem estava lá.
Pereira ficou furioso.
“Se a senhora pensa que é presidente da Petrobras porque é a melhor engenheira da empresa, está enganada”, disse, segundo os mesmos relatos.
“A senhora está presidente porque sua 'indicação' 'política' é melhor do que a minha.”
Graça Foster respondeu com “impropérios”, nas palavras de quem assistiu à cena.
Pereira levantou-se e deixou a sala.
Numa demonstração do peso que a política tem nas decisões tomadas – e nas que deixam de ser tomadas – na Petrobras, Graça Foster não conseguiu demitir Pereira.
Ele permaneceu mais dois anos no cargo.
--->Foi demitido apenas há três semanas, no dia em que a Polícia Federal entrou, com ordem judicial, na sede da Petrobras, em busca de provas do "esquema" de corrupção liderado por Paulo Roberto.
Segundo documentos obtidos pela PF na casa de Paulo Roberto, a que ÉPOCA teve acesso, como a agenda dele (leia abaixo), Cosenza continuava a se encontrar periodicamente com o ex-chefe.
Despachavam sobre os assuntos discutidos na cúpula da estatal.
Os documentos, como e-mails e planilhas, mostram que, mesmo fora da Petrobras, Paulo Roberto continuou seu "esquema" na Diretoria de Abastecimento.
Ajudava a fechar e a prorrogar contratos de quem pagava a ele por isso.
Quem o ajudava a mover a caneta dentro da Petrobras? A PF investiga.....
Na Petrobras, como em qualquer estatal, a caneta só se "move" por fortes razões – normalmente, por pressão ou ordem de quem indicou aquele que pode mover a caneta.
Nos casos de corrupção descobertos nos últimos meses, pesam suspeitas graves contra seis empreiteiras e outras seis multinacionais, além de políticos do PT, do PMDB e do PP.
A maioria das evidências está no inquérito aberto para investigar a “organização criminosa”, como define o Ministério Público, liderada por Paulo Roberto e pelo "doleiro" Alberto Youssef.
Um contrato da Petrobras em especial (leia abaixo), investigado pela PF e pelo MPF em outra frente, assusta os políticos, ainda mais na iminência da criação de uma CPI no Congresso para apurar os desvios na Petrobras.
O negócio, de US$ 826 milhões, foi fechado em outubro de 2010, durante o segundo turno das eleições presidenciais, entre a Petrobras, maior empresa do Brasil, e a Odebrecht, maior empreiteira do Brasil.
Para quê?!??
"Serviços de segurança, meio ambiente e saúde" - em unidades da Petrobras no Brasil e no exterior – "um conjunto de providências que, no mundo empresarial, leva a sigla SMS...."
(fonte: Revista Época)