sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A DEUSA ISHTAR (PARTE 9) - TEXTO DAS 07 TÁBUAS DA CRIAÇÃO (SÉC.VII -a.C.)

CULTURAS, ARQUELOGIA & MITOLOGIA - 

(continuação) - Um dos textos encontrado nas "Sete Tábuas da Criação" (mencionado anteriormente) - datado do século VII (A.C.)

"Rezo a ti, senhora das senhoras, deusa das deusas!...
Ó Ishtar, rainha de todos os povos, regente da humanidade!...
Ó Irnini, estás erguida no alto, senhora dos espíritos do céu....
És poderosa, tens poder soberano, exaltado é o teu nome!....
És a luz do céu e da terra, ó brava filha do deus lua....
Soberana das armas, árbitra da batalha!
Aurora de todas as leis, portadora da coroa do domínio....
Ó senhora, majestática é a tua dignidade, acima de todos os deuses exaltada!...
És a causa da lamentação, semeias a hostilidade entre irmãos que estão em paz;
És tu que conferes a força!... 
És forte, ó senhora da vitória, podes violentamente atingir meu desejo!
Ó Gutira, que estás amarrada com a batalha, que estás vestida com o terror,
Empunhas o cetro e a decisão, o controle da terra e do céu!
Câmaras santas, santuários, moradias divinas e templos te cultuam!...
Onde não é teu nome (ouvido)? 
Onde não é tua lei (obedecida)?
***
Ao pensar teu nome o céu e a terra tremem.
Os deuses tremem, e os espíritos da terra vascilam.
A humanidade rende homenagem ao teu poderoso nome,
Pois tu és grande, tu és exaltada.
Toda a humanidade, toda a raça humana, curva-se diante do teu poder.
Tu julgas a causa dos homens com justiça e retidão;
Tu olhas com clemência para os homens violentos, e corriges o insubordinado todas as manhãs.
Quanto tempo tardarás, ó senhora dos céus e terra, pastora daqueles que vivem em habitações humanas?
Quanto tempo tardarás, ó senhora cujos pés são infatigáveis, cujos joelhos não perdem seu vigor?
Quanto tempo tardarás , o senhora de todas as lutas e de todas as batalhas?
Ó tu a gloriosa, que te enfureces entre os espíritos do céu, que subjulgas deuses raivosos,
Tu tens poder sobre todos os príncipes, controlas o cetro dos reis,
Abres os grilhões de todas as criadas,
Estás no alto, estás firmemente estabelecida, ó valente Ishtar, grande é o teu poder.
Brilhante tocha do céu e da terra, luz de todas as moradias.
***
(...)
A ti, portanto, eu oro, dissolve a minha maldição!...
Dissolve meu pecado, minha iniqüidade, minha transgressão e minha culpa!
Perdoa minha transgressão, aceita minha súplica!
Assegura minha absolvição, e deixa que eu seja amado e cuidado!
Guia meus passos na luz, que entre os homens eu possa gloriosamente procurar o meu caminho!
Dize a palavra, que ao teu comando meu deus raivoso possa compadecer-se,
E que minha deusa, que está irada, possa voltar.
És a regente, deixe então que minha chama arda!
Que possa minha força fragmentada ser reunida.
***
Deixa minha oração e minha súplica chegar a ti,
E deixa tua grande compaixão cair sobre mim,
Para que aqueles que olham para mim na rua possam exaltar o teu nome,
E que eu possa glorificar a tua divindade e o teu poder diante da humanidade!
Ishtar é exaltada! Ishtar é a rainha!
Minha senhora é exaltada! 
Minha senhora é rainha!
Irnini, a brava filha do deus lua, não tem um rival.
Ó augusta Ishtar, dá a luz para os (quatro) cantos do Mundo!..." [1]
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[1] – O hino encontra-se em uma das “Sete tábuas da criação”, que datam do século VII a.C., embora o próprio hino seja provavelmente bem mais antigo e foi muitas vezes traduzido; (essa versão supra é uma tradução de L. W. King. by "Seven Tablets os Creation", Londres, 1962, I, p.223.)