'Há quem pense em ajudar resolvendo o problema do outro.
Consegue tirar-lhe a oportunidade de evolução.
"Dificuldades" são desafios espirituais para ampliar nossas capacidades intelectuais e emocionais.
Se resolvermos pelo outro, ele não evoluirá e fatalmente a vida repetirá a crise para que o aprendizado aconteça.
Há quem sofra junto.
É do tipo que carrega para si as dores alheias, fugindo das próprias ou do vazio existencial.
Acompanhei, por algum tempo, familiares enfermos, em hospitalizações e UBS's.
Notei alguns comportamentos inacreditáveis: há quem vá envolto em uma nuvem de perfume, nem pensa que pode causar mal-estar;
chegam mexendo na maneira como o enfermo acomodou-se no leito, sem respeitar o direito do doente de ajeitar-se como convém à sua dor;
alguns são alarmistas e destilam desconfiança da equipe médica, minando um sentimento fundamental para a recuperação, e transformam o quarto em sala de visita ou em altar, rezando, benzendo, fazendo promessa e dando passes a toda hora etc.,
enlouquecendo e cansando o doente....
E foram lá para ajudar!
Há quem viva "dando conselhos" sobre o que os outros devem fazer e 'cobrando' quando não obedecem..... (LEMBRA-LHE ALGO??!)...
---> Às vezes, não escondem a satisfação quando dizem:
"eu te avisei, mas você não me ouviu...!"
----> Esses "comportamentos" são invasivos e autoritários.
Não perguntam se a ajuda é desejada, simplesmente avançam sobre as situações e acabam sobrecarregados.
Por fim, irritam os outros e se sentem injustiçados com essa reação.......
Ninguém os ajuda, ....reclamam.
Não veem que não dão espaço ao crescimento do outro e que, de tanto se meter no problema alheio, não cuidam dos seus próprios, mas outras pessoas não vêm resolvê-los....
São condutas inconscientes, irrefletidas, cheias de boa vontade, mas equivocadas.
Atrapalham.
Para ajudar mesmo, é preciso saber usar a inteligência e, principalmente, compreender que os desafios são motivações para o crescimento espiritual.
Assim, nada de nos desesperarmos!
Em tudo, cada um de nós recebe o que necessita dentro das suas proprias possibilidades....
Certa noite, durante a madrugada no pronto atendimento, observei uma enfermeira.....
Havia só uma para uma centena ou mais de pacientes.
A todo instante, alguém gritava: "enfermeira!" E ela, inalterada, atendia - um a um, sem pressa....
Conversamos sobre a situação e ela disse algo que nunca esqueci:
"eles não entendem que sou apenas uma e, para continuar ajudando-os, não posso correr e me afobar...... Imagina se eu caio e sofro uma fratura ou se, por afobação, troco um medicamento?!.... Ficarão sem quem os atenda ou piorarão"....
Sábia resposta e atitude.
Ajudar a pensar, sim.
Resolver, tomar pra si ou invadir, nunca!
No livro "Em busca de uma nova vida" diz-se o seguinte:
"Para ajudar alguém, é preciso usar a inteligência.... Carregar ou suportar a dor alheia não é inteligente......"
Sempre que renunciamos à inteligência, agindo de forma irrefletida, acabamos por incomodar, atrapalhar o andamento regular das coisas.
É preciso reconhecer quando e como podemos auxiliar e apenas se nos pedirem.....'