sexta-feira, 22 de junho de 2012

ISMÁLIA (POEMA)


Como adoro este autor, resolvi postar um de seus poemas... (foi no  de ANO: 1899 - Brasil...)

Poema:
"ISMÁLIA"
(por Alphonsus de Guimaraens)
"Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.


E, No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,...
Queria descer ao mar...


E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um "anjo", pendeu,
As asas - para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...


Mas as asas que Deus lhe deu,
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."


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Nota/Cultura-Geral: 
Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. 
Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Vimaraens. 
Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do "Simbolismo", e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. 
A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: este poema, integrante da série "As Canções", foi incluído no livro - “Os cem melhores poemas brasileiros do século”, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, pág. 45.